Cada vez mais frequente.


Eu odeio quando isso acontece. Foco nas coisas erradas. Estafa. Fel. Cólera. O que mais está por vir? Por que tanto descontento? Ingratidão. Muros levantados barrando o doce que não tem forças suficientes para escalar. Pensamentos desequilibrados em desarmonia. Brado. Frio. Fogo. Gelo. Fumaça. Escuridão. Melancolia. Aborrecimento. Lágrimas. Silêncio. Solidão. Ninguém. Meus vizinhos cantarolam desafinados canções que num passado remoto eu já conheci. Tudo é longínquo, não existo aqui. Tic-tac. Na rapidez contemporânea nem vi que fui áspera, desculpe-me (da boca pra fora). Quem deveria assistir, necas. Compreensível. Pouco. Surto. Irrito. Oh, como odeio quando isso acontece.


Do pó.


Tanta coisa a ser dita. Tanta coisa a ser falada. Eu nem sei por onde começar. Eu nem sei como começar. A pensar, a dizer, a escrever. Por que esse sentimento? Não há motivo algum. Você tem tudo que precisa pra ser feliz, e não é. Ou você acha que tem quando não tem. Ou você acha que não tem quando tem. Ou você certamente ou erroneamente acha que não tem e não tem mesmo. A velha história de estar rodeada de pessoas e rostos conhecidos, e se sentir ou estar sozinha. Ao mesmo tempo, esse descontentamento, essa insatisfação, esse inquietamento traz a sensação de não conformismo. Você ainda não perdeu toda sua essência. Mas e se for apenas sua cabeça lhe pregando uma peça, querendo te deixar cada vez mais enlouquecida? As vezes funciona, maldita! Isso atinge todo e qualquer ser – humano – que faça parte da sua – nada comum - convivência diária consigo mesma, com o tentar conformar-se, tentar aquietar-se, tentar enquadrar-se nesse mundo de regras que nos é imposto. Calar-se. Ao menos fingir que o faz, que tenta. Tentar não parecer um extraterrestre na terra, por mais redundante que isso lhe pareça. Não discordar. Deduzir que no fundo, você está sozinha, assim como todos os outros. Entender que todos que estão com você de verdade, logo irão partir. Pra um lugar melhor – ou pior – ou pra uma pessoa melhor – ou pior. E não há nada que possa interferir nesse quesito da existência do corpo físico ou leal, cúmplice, companheiro. Ao pó.


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